“Sim, somos mães, mas também somo Carolinas, Priscilas, Brunas, Teresas, Fátimas, Fernandas, Natálias, Rebecas, Rejanes, Anas e Livias. Parimos naturalmente, fizemos cesariana, abortamos e perdemos um filho. Somos negras, brancas, da cidade, do interior, da serra e da praia. Somos da favela, do asfalto, da Zona Norte, da Zona Sul e da Baixada. Somos putas e santas, escandalosas e tímidas. Gostamos de homem e também de mulher.”
(Bruna Messina, redatora, produtora de conteúdo e fundadora do portal “Não me chamo mãe”)
Dia 09 de maio é comemorado o Dia das Mães, e eu venho por meio deste, trazer uma visão da pessoa por trás de cada mãe e levantar questões importantes sobre maternidade que não são discutidas o suficiente. Porque mãe, antes de ser mãe, é humana!
== FILHOS DE 4 PATAS
Mães de pets também são mães! De acordo com um estudo da DogHero, dos 10 mil entrevistados, entre 30 e 45 anos, 75% eram mulheres com pós-graduação e casadas ou moravam com algum (a) companheiro (a). Em outra pesquisa feita pela Zap Imóveis com 800 entrevistados, 8 em cada 10 participantes preferem cães.
== FILHOS DE PRESENTE
Entre os inúmeros tipos de mães, existem as mães adotivas. Atualmente, no Brasil, existem quase 43 mil pretendentes inscritos no Cadastro Nacional de Adoção a espera de um filho. Além disso, pra quem duvida que amor de mãe biológica é diferente de amor de mãe adotiva, diversos estudos médicos e psicológicos já comprovaram que, assim como uma mãe que passou pelo processo de gestação e desenvolveu laços afetivos com a(s) criança(s) antes do parto, a produção de ocitocina (“hormônio do amor”) das mães adotivas pode ser equivalente logo nos primeiros meses após a adoção. O que muda é que a criação desses laços começa após a chegada da criança e depende diretamente do empenho da mãe em desenvolver o sentimento de pertencimento no filho adotivo. Para ajudar nesse processo, a legislação brasileira prevê licença-maternidade de até 1200 dias, com remuneração, à mães e pais adotivos.
== MÃES SOLO
A vida de nenhuma mãe é fácil, mas para 11 milhões de brasileiras, a luta é em dobro. Só em 2020, um levantamento do Instituto Locomotiva aponta que 35% das mães solo não tiveram renda suficiente para comprar alimentos e 31% não conseguiram adquirir itens de higiene. Esse assunto é muito profundo e nós precisamos urgentemente levar ele à sério. Por isso, vou deixar o link para um reportagem ali embaixo, feita por quem tem autoridade para falar do assunto.
“Mesmo estando vulnerável à covid-19, não tenho nem a possibilidade de estar doente nesse momento. Eu trabalho e ganho por hora, além de estar sozinha com meu filho, por isso tenho muito medo de alguma coisa acontecer comigo porque não tem oura pessoa para ficar responsável por ele. Ao mesmo tempo, não dá para parar. As necessidades do meu filho não param. Uma coisa é eu estar com fome e outra é meu filho. Como você fala para uma criança que não tem comida?”
(Fabiana Rodrigues Da Silva, para a organização de Gênero e Número)
== GERAÇÃO NOMO
E as mulheres que não querem ser mães? Elas compõem a chamada geração NoMo (Not Mothers) e representam cerca de 40% das mulheres em idade fértil no Brasil. Sobre elas ainda existe muita pressão da sociedade machista e grande parte dessa cobrança vem de pessoas próximas e queridas por elas. Vou deixar outro link para uma matéria completíssima sobre o assunto.
== MÃE NÃO É EMPREGO
Outro assunto muito importante que impacta uma parcela enorme das mulheres do nosso Brasil é a reentrada das mães no mercado de trabalho.
“Você é casada?”, “Tem filhos ou pretende ter?”
Esse tipo de questionamento é super comum no dia a dia e pode ser o início de uma conversa descontraída com uma nova amizade. Mas você já escutou alguma delas em uma entrevista de emprego? Estranho, né? Mas é muito mais comum do que parece.
De acordo com a legislação brasileira, essa conduta é proibida por ser discriminatória, mas a realidade é outra.
Camila Conti, profissional de Comunicação e Tecnologia e sócia da startup Maternativa, conta sobre um pequeno experimento social que realizou para mostrar como as empresas dificultam a contratação para mães, isso logo depois de ser demitida quando descobriu a gravidez. Ela discorre sobre o que viveu e sentiu durante esse experimento, o preconceito e desqualificação de sua condição profissional sempre que mencionava a maternidade. O link para esse relato está disponível no final do texto.
Vale a pena ler!!
== MÃE MARAVILHA
Um grande exemplo que temos de que ser mãe não incapacita uma mulher é a da atual primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern.
Ela enfrentou posicionamentos machistas quando ficou grávida logo no início do seu mandato, mas não só concebeu sua filha, Neve, e voltou ao cargo 6 semanas depois, como ainda lutou pelos direitos LGBTQ+ no país, enfrentou o ex-presidente americano Donald Trump, mudou a legislação do país para ajudar mães e pais, lutou pelo direito da mulher ao aborto e lidou com a crise do coronavírus como nenhum outro líder político no mundo. Lá, a população já vive um estilo de vida praticamente “normal” e a pandemia não é mais uma ameaça ao país. (Inveja, né - colocar carinha)
Aí eu te convido a pensar: realmente, mães são super poderosas simplesmente por serem mães, mas elas ainda são humanas!! Cada pessoa tem suas habilidades, história, condições e limites. Não é porque a Jacinda consegue sacrificar e lutar tanto que você ou eu devemos conseguir também!! Então eu te convido a um olhar para a algumas estatísticas brasileiras, porque essas estão no nosso alcance e portanto, nós podemos lutar e mudá-las!!
Existe uma infinidade de realidades diferentes de mães mas todas significam uma única coisa: AMOR! E tão diversas quanto elas são os assuntos que podemos discutir sobre elas, então vou deixar alguns materiais super interessantes que você pode conferir para saber mais sobre esse incrível mundo da maternidade!
REFERÊNCIAS E INDICAÇÕES
Reportagem da organização Gênero e Número sobre a realidade das mães solo na pandemia: http://www.generonumero.media/retrato-das-maes-solo-na-pandemia/
Matéria da Medley sobre a fisiologia da mãe adotiva: medley.com.br/blog/saude-feminina/mae-adotiva
Matéria do Repórter Unesp sobre violência obstétrica: reporterunesp.jor.br/2018/05/15/violencia-obstetrica/
Relato de um ativista sobre o fardo das mães de LGBTIQ+: medium.com/neworder/o-fardo-carregado-pelas-mães-de-pessoas-lgbt-7a4b0b4a15dc
Reportagem d’A Gazeta sobre a geração NoMo: agazeta.com.br/revista-ag/comportamento/geracao-nomo-a-pressao-sobre-mulheres-que-nao-querem-ser-maes-1120
Relato de Camila Conti sobre a dificuldade de se manter no mercado trabalhista: azmina.com.br/colunas/fui-eliminada-em-cinco-entrevistas-de-emprego-porque-tenho-filho-pequeno/
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Pesquisa e texto por:
Caio Fábio Silva Faria
Thaís Ferrari dos Santos
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